“Tem sido notável a taxa de crescimento que se cifrou em 34 milhões de litros de vinhos certificados” 

O presidente da Comissão Vitivinícola Regional da Península de Setúbal (CVRPS), Henrique Soares, salienta que “tem sido notável a nossa taxa de crescimento de dois dígitos, que se cifrou em 34 milhões de litros de vinhos certificados oriundos de 60 produtores”. Para Henrique Soares “os louros do sucesso dos vinhos da Península de Setúbal são dos produtores”, em que “somos apenas o espelho da região”.

Setúbal Mais – Como encara o sucesso da CVRPS?

Henrique Soares – Somos apenas uma extensão dos produtores de vinhos que tão bem sabem fazer. Somos a ponta do icebergue em que fazemos a certificação dos vinhos e a promoção de uma área vinícola. Tem sido notável a taxa de crescimento de dois dígitos, que se cifrou em 34 milhões de litros de vinhos certifica dos oriundos de 60 produtores. Considero haver um balanço muito positivo, mas não chamamos os louros para nós, porque somos apenas o espelho da região.

S.M. – A entrega de prémios da CVRPS vai ser novamente na cidade de Lisboa?

H.S. – A escolha da cidade de Lisboa é um percurso natural neste caminho a percorrer e acreditamos que há mais retorno mediático para os vinhos produzidos pelos nossos produtores. No ano passado a entrega de prémios realizou-se na Estufa Fria e este ano será na Tapada da Ajuda, por escolha dos produtores, que querem continuar a promover os seus vinhos na capital.

S.M. – O vinho contribui de forma significativa para o crescimento das exportações, mas continua a ser também uma tradição e uma paixão das populações rurais?

H.S. – Assim é. O vinho está enraizado nas tradições rurais, que inspira poetas, pintores e as gentes das artes. E apesar de sermos um país pequeno temos uma riqueza de sabores e castas, que desperta tanta paixão quer a nível do vinho, quer na gastronomia.

SM – A região é penalizada a nível dos fundos comunitários por estar integrada na AML?

H.S. – Quero alertar para uma nuvem cinzenta em que os presidentes dos países do Norte da Europa olham para o vinho apenas numa perspectiva de ser uma bebida alcoólica. De resto, não posso deixar de realçar que a Península de Setúbal num contexto da União Europeia não tem sido valorizada pela positiva. O facto de estarmos inseridos na Área Metropolitana de Lisboa somos penalizados com menos fundos comunitários, quando deviam ser encontradas medidas alternativas para uma região com tanta cultura de vinha e com tantas castas diferentes.

S.M. – A Mostra de Vinhos de Fernando Pó tem contribuído para dar maior visibilidade e promoção aos vinhos?

H.S. – A Mostra tem feito imenso pelas adegas com menos recursos e foi um catalisador dos vinhos desta aldeia vinhateira. Também o Festival do Queijo, Pão e Vinho passou a ser uma grande montra para os vinhos da região, com destaque para os moscatéis, o castelão e o Fernão Pires, que continuam a ser as nossas grandes bandeiras. Não podemos esquecer que o moscatel é um produto com 111 anos de história, sendo o nosso porta-estandarte e já temos 20 produtores a certificarem o moscatel. Mas a CVRPS está de portas abertas para continuar a certificar não só os vinhos, mas também os moscatéis.

S.M. – Que balanço faz do impacto do Enoturismo?

H.S. – Fomos pioneiros neste modelo de organização que envolve a autarquia de Palmela, adegas, produtores e restaurantes. O Enoturismo veio para ficar com mais património envolvido, desde os parques naturais da Arrábida e do Estuário do Sado…

SM – É fácil gerir esta Comissão?

H.S. – Estou na CVRPS há 30 anos e comparando com outras regiões o trabalho aqui é mais gratificante, pois são menos produtores e é mais fácil seguir um rumo. Mas o sucesso passa por pôr a região acima de algumas divergências.

 

Fonte: Semanário Setúbal Mais