FATORES GEOCLIMÁTICOS
DIZ-ME DE ONDE VENS,
DIR-TE-EI QUEM ÉS.
No caso da Península de Setúbal, as vinhas repartem-se na sua esmagadora maioria por duas zonas:
- a montanhosa, formada pelas serras da Arrábida, São Luís e Rasca e seus prolongamentos nos montes de Palmela, Barris, São Francisco e Azeitão, variando a altitude entre os 100 e os 500 metros;
- e as planícies e pequenos vales dos concelhos de Palmela, Montijo, Alcáçer do Sal, Grândola e Santiago do Cacém, que se estendem para sul, dominadas pela formação geológica do Plioceno de Pegões, envolvendo a bacia do Sado, com cota compreendida entre os 30 e 100 metros.
Estas características orográficas condicionam de forma marcada o clima que se faz sentir na região: um clima misto de influência atlântica, mas com um vincado cunho mediterrânico, influenciado pela proximidade com o mar e com os rios Tejo e Sado, e ainda com a Serra da Arrábida. Assim, o verão é quente e seco, alternando com um inverno relativamente frio e chuvoso.
- Junto à Serra da Arrábida, predominam solos argilo-calcários e um clima ameno, ideal para os vinhos generosos de maior qualidade, como os D.O. Setúbal, que incluem as menções tradicionais Moscatel de Setúbal e Moscatel Roxo de Setúbal. A produção de vinhos brancos de alta qualidade também beneficia deste clima.
- Nas planícies, os solos são fundamentalmente arenosos e as amplitudes térmicas são maiores. Na parte da costa ocidental, que se estende para nordeste e sudeste da Arrábida, é onde se encontram as melhores condições para a produção de vinhos tintos mais encorpados, e o local de eleição da casta Castelão (Periquita).
- A sul da Península de Tróia, o clima é mais quente e seco, embora refrescado pelo Atlântico. Os vinhos desta zona são marcados pela intensa exposição solar, mas equilibrados pelas temperaturas noturnas e a frescura da orla marítima. As vinhas mais próximas do interior, localizadas a sudoeste, potenciam a produção de vinhos com superior teor alcoólico e concentração, diferenciação que se acentua por via do encepamento e da localização específica de cada vinha (pequenas colinas, pequenas manchas de Xisto…).
Os valores médios de precipitação anual variam entre os 550 e 750 mm, apresentando, ao longo do ano, uma distribuição semelhante à da metade sul do país, sendo os meses de junho a agosto os de maior deficit hídrico, devido também à reduzida capacidade de retenção de água dos solos.
No que se refere à temperatura, registam-se valores médios relativamente elevados nos meses de verão (25 a 28ºC).
A humidade relativa média anual situa-se entre os 75% a 80%, o que reflete a proximidade ao mar da região, apresentando valores mais baixos nos meses de verão.
Os ventos dominantes sopram dos quadrantes Norte, Noroeste e Oeste.
A região apresenta valores de insolação elevados – 2200 horas/ano – sendo os valores de verão superiores a 300 horas de sol por mês.