História
UM PASSADO QUE CHEGA AO PRESENTE,
ENGARRAFADO.
A tradição vitivinícola na Península de Setúbal existe desde há muitos anos. E é todo esse passado que, de uma forma indireta, existe e se saboreia, hoje, em cada garrafa.
Tartessos e Fenícios
Estima-se que a cultura da vinha na região tenha sido introduzida na Península Ibérica – Vale do Sado – pelos Tartessos, cerca de 2000 a.C., e que o vinho produzido terá sido utilizado nas trocas comerciais que efetuavam com outros povos. Em cerca de 1000 a.C., Setúbal terá sido fundada pelos Fenícios, povo que fixou feitorias comerciais no território setubalense no século X a.C..
Em escavações arqueológicas realizadas na Península de Setúbal foram, entretanto, encontradas grainhas datadas do século VIII a.C., facto que evidencia a antiguidade da cultura da vinha na região, que remonta a um período muito anterior à formação de Portugal.
Gregos
No século VII a.C., os Gregos contribuíram fortemente para o desenvolvimento da viticultura e para o aprimoramento da arte de produzir vinho. A presença da sua cultura está documentada em belos vasos cerâmicos encontrados na região de Alcácer do Sal, os quais atestam o elevado nível desta civilização.
A ocupação definitiva da Península em 19 a.C. e a progressiva romanização conduziram a um aumento expressivo da cultura da vinha, tanto na variedade, como no apuramento técnico do cultivo.
Muçulmanos
Com a ocupação muçulmana, no séc. VIII, dá-se início a um novo ciclo na cultura da vinha e da produção vinícola. Apesar de o Alcorão proibir expressamente o consumo de bebidas alcoólicas, as autoridades locais mostraram-se complacentes para com os cristãos, autorizando a produção e o comércio de vinho.
Idade Média
No século XII, na sequência do estabelecimento da Ordem de Santiago e da reconquista cristã de pontos estratégicos como Almada e Palmela, surgiram condições para o repovoamento da região da Península de Setúbal e simultaneamente, para o relançamento local das atividades vinícolas.
Durante a Baixa Idade Média, entre os séculos XII e XV, o vinho constituía uma das principais exportações da Península de Setúbal, estimulado pelos avanços tecnológicos introduzidos pelas ordens religiosas.
Descobrimentos
A época dos Descobrimentos correspondeu ao período de expansão ultramarina que se iniciou no século XV e se prolongou durante o século XVI. Neste período, Portugal chegou a ser uma das mais importantes potências económicas, estendendo o seu Império por quatro continentes.
Século XIX
No século XIX, muitas figuras contribuíram para a identidade da Península de Setúbal e para o avanço da economia agrícola regional.
José Maria da Fonseca foi uma dessas personalidades quando se instalou na Vila Nogueira de Azeitão e fundou a sua empresa no setor do vinho, projetando a fama e o prestígio do Moscatel de Setúbal.
A par do generoso Moscatel de Setúbal, em 1850, José Maria da Fonseca criou o vinho Periquita, vinho tinto de mesa que goza hoje da maior reputação internacional. O nome Periquita tem origem na propriedade onde o mais antigo vinho de mesa português viria a ser produzido: a Cova da Periquita, e o seu nome confunde-se com a própria história da empresa e com a casta que lhe dá origem, a Castelão.
As exportações deste vinho datam de 1881, e o primeiro prémio internacional de 1888, na exposição de vinhos portugueses, em Berlim.
José Maria dos Santos é outra das figuras incontornáveis da história da agricultura portuguesa e da Península de Setúbal, onde instalou, na zona do Pinhal Novo (Herdade de Rio Frio), um verdadeiro «mundo vinícola».
Ficou conhecido como proprietário da maior vinha contínua do mundo. Com uma área de 4000 hectares e mais de 12 milhões de cepas, entre Poceirão, Rio Frio e Valdera, chegou a registar uma produção anual total de 30 mil pipas de vinho.
Atualidade
A natureza protegida em múltiplas fórmulas – Parque Natural da Arrábida, Parque Marinho D. Luís Saldanha, Reserva Natural do Estuário do Sado, Paisagem Protegida da Arriba Fóssil da Caparica, vários sítios da Rede Natura 2000 -; o património edificado, igualmente rico em diversidade e importância histórica; o possível reconhecimento da Arrábida como Património da Humanidade, fazem de Setúbal e as suas Penínsulas – a de Setúbal e de Tróia – um destino turístico de excelência, com cada vez maior prestígio e importância.
Acompanhando estes novos tempos, a cultura da vinha e do vinho soube integrar-se e adaptar-se, tornando-se unanimemente reconhecida como mais uma “joia” da Região, e um importante recurso e produto (eno)turístico.